Por Mário Freitas, fundador e proprietário da Kingpin Books
2010
2010 foi um ano e pêras. Primeiro, estreou-se o Iberanime, que ainda hoje perdura saudável. Mais tarde, na San Diego Comic-Con, a Funko apresentava os primeiros modelos das figuras que iriam mudar tudo no mundo do coleccionismo. Para sempre, e neste caso o cliché é mesmo verdadeiro.
Mas o mais relevante foi sem dúvida a primeira edição do ANICOMICS LISBOA na Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, um evento por nós organizado e que se viria a tornar muito especial no coração de centenas de fãs.
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Sobre os Funko POP, escuso de acrescentar o que quer que seja; a história fala por si. Quanto ao AniComics…
Foi o primeiro de muitos anos. De muitas amizades. De muito esforço e, literalmente, de muito sangue, suor e lágrimas. Não posso nomear aqui todos, mas vocês sabem quem são.
2011
Em 2011, a DC Comics decide renumerar pela primeira vez a sua linha completa de títulos. Destacam-se Scott Snyder e Greg Capullo ao leme do Batman e da sua Corte das Corujas, e o regresso de Grant Morrison ao Super-Homem, a lidar com um Clark Kent ainda jovem em “Action Comics”.
2011 marca também o primeiro troféu editorial conquistado pela Kingpin Books, através de David Soares, vencedor do Prémio Nacional de BD para Melhor Argumento, atribuído pelo AmadoraBD, com o livro “O Pequeno Deus Cego”. Seria o primeiro de muitos.
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Seguindo as pegadas da sua concorrente directa, a DC decide renumerar a sua linha inteira de comics em 2011, numa boa jogada de marketing com direito inclusive a um nome orelhudo, “The New 52!”.
Por cá, e depois de várias nomeações sem sucesso, o selo editorial da Kingpin Books conquista finalmente um prémio. É no AmadoraBD desse ano que David Soares recebe o Prémio Nacional de BD para Melhor Argumento, com o livro “O Pequeno Deus Cego”, belissimamente ilustrado pelo Pedro Serpa. Reza a história que, depois, muitos mais vieram.
2012
2012. O ano da morte de um dos maiores génios de sempre da BD mundial. E o ano em que o mexicano Tony Sandoval visitou Portugal pela 1ª vez, marcando presença nessa edição do AniComics.
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Estava eu em tenra idade, algures entre os 6 e os 8, quando fui exposto a primeira vez à dureza e ao brilhantismo de “A Mina do Alemão Perdido” e “O Espectro das Balas de Ouro”, na saudosa Flecha2000. Foi o Tenente Blueberry que me apresentou a Jean Giraud, ou Gir, e mal sabia eu que, 20 anos mais tarde, a sua persona Moebius iria dinamitar-me o cérebro com o inigualável Incal, em parceria com o guru Jodorowsky.
2012 coincidiu também com a primeira vinda a Portugal do autor mexicano Tony Sandoval, que se tornou um bom amigo e de quem já editei cinco magníficos livros.
2013
Numa história surpreendentemente bem conseguida, Dan Slott substutui Peter Parker por Otto Octavius, numa troca de corpos e mentes como só um génio do mal à moda antiga poderia concretizar.
Por cá, 2013 foi o ano de “O Baile”, que venceu 6 Prémios Profissionais de BD (o precursor dos Galardões BD Comic Con) e 2 Prémios Nacionais AmadoraBD. Limpinho limpinho!
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Se me dissessem que eu ia adorar uma saga enorme em que o Doctor Octopus (sim, aquele dos tentáculos e óculos à Zé Cid) transfere a mente para o corpo do Parker e se intitula “O Superior Homem-Aranha”, diria que estavam loucos. Porém, assim foi. Uma história bem planeada, bem pensada, bem concluída. Claramente a história “superior” de toda a fase escrita por Dan Slott.
Por estas bandas, superior também se mostrou “O Baile”, do Nuno Duarte e da Joana Afonso, que limpou as categorias principais dos PPBD e venceu depois outras duas no AmadoraBD, o de melhor álbum e melhor argumento. Isto num ano em que o Osvaldo Medina conquistou o prémio para melhor desenho no AmadoraBD com o meu “Super Pig: Roleta Nipónica”. Um ano editorial em cheio.
2014
2014 fica marcado indelevelmente pela 1ª edição da Comic Con Portugal. Um evento que veio redefinir a dimensão e o modo de fazer eventos no nosso país.
Concretizando uma ambição com alguns anos, a Kingpin Books edita “I Kill Giants”, de Joe Kelly e JM Ken Niimura, obra aclamada e premiada que viria a ser posteriormente adaptada ao cinema.
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Depois da desconfiança inicial, a Comic Con Portugal cedo se tornou um fenómeno de massas. Quem pensaria que um evento de cultura POP em Portugal poderia vir a atingir os 100 mil visitantes?
Foi também em 2014 que traduzi e editei “Eu Mato Gigantes”. Um livro que li por volta de 2010 e que me marcou profundamente. E sobre qual logo disse “um dia vou editar isto em português”. E assim foi, contando para isso com a presença no AmadoraBD do artista e um grande senhor, o nipo-espanhol Ken Niimura.
2015
Em 2015, Jonathan Hickman pegou no nome clássico das “Guerras Secretas” e, de uma assentada, fechou ambas as sagas em que tinha trabalhado uns anos, Avengers e Fantastic Four.
Por cá, a antologia que editei em formato de bolso, “Crumbs”, foi premiada no AmadoraBD, um corolário lógico da reunião de tanta gente talentosa num único livro.
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“Crumbs” foi talvez um dos projectos editoriais que mais gozo me deu fazer. Com a inestimável colaboração do meu querido André Oliveira, montámos várias equipas de respeito e conseguimos um pequeno grande livro que foi uma montra imensa do melhor que a BD portuguesa tem para oferecer. O melhor elogio que ouvi veio de um podcast inglês que conheceu o livro em Leeds e disse simplesmemte “os estilos são tão diversificados e o que é mais impressionante é que é TUDO bom”.
De resto, “Secret Wars” foi mais uma demonstração da capacidade impressionante que Jonathan Hickman tem de planear uma história a muito longo prazo. A viagem nem sempre é fácil, mas a chegada ao destino é sempre compensadora.
2016
Findo os “New 52”, a DC virou-se para nova estratégia de marketing, desta feita com “Rebirth”, com promessas do regresso de um certo Doutor azul, e com Tom King ao leme do Batman.
2016 foi também o ano em que o AniComics cresceu, ou tentou crescer, mudando-se para o renovado Fórum Lisboa, um espaço amplo e com valências que já faltavam à mítica Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro.
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Tom King no Batman foi, provavelmente, e continua a ser, o ponto alto do “DC Rebirth”. Vejamos o que nos reserva a conclusão do Doomsday Clock.
Em 2016, o AniComics mudou de casa. O sítio anterior rebentava pelas costuras e urgia aumentar, e muito, a capacidade do espaço, para dar conforto e espaço aos visitantes. O Carlos Pedro continuava a superar-se, e todos os anos desenhava um cartaz ainda melhor que o anterior. Este seria o penúltimo.
2017
2017 marcou o centenário do nascimento de Jack Kirby, o “Rei dos Comics” e co-criador do Universo Marvel. Efeméride devidamente acompanhada por uma extensiva exposição no AmadoraBD.
Foi também o ano em que fomos pela 1ª vez nomeados e finalistas dos Eisner Retailer Awards. E o ano que ditou o fim do AniComics, após a sua 8ª edição. A evolução dos tempos foi impiedosa para com os eventos de pequena ou média dimensão.
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Em 2017, mais do que um enorme prazer, foi uma honra ter sido o curador da exposição do centenário do nascimento de Jack Kirby, no AmadoraBD. Quem teve a oportunidade de me ouvir durante as visitas guidas, terá decerto percebido a minha enorme paixão pela obra do lendário criador de universos.
2017 foi um ano agridoce. Ao fim de 8 edições, percebi que o novo fôlego que queria dar ao AniComics não era afinal exequível. Não sou de desistir, mas não sou obstinado, ao contrário do que muitos possam pensar. E percebi que era o momento de parar. E fazê-lo com dignidade. Por outro lado, recebemos a nossa 1ª nomeação e estivemos depois entre os 5 finalistas dos Eisner Retailer Awards. Foi a primeira, mas não foi a última
2018
A contagem descrescente aproxima-se do fim. O ano da morte de Stan Lee, o pai mediático do Universo Marvel, cujo desaparecimento não passou despercebido a ninguém. E também de Steve Ditko, co-criador do Homem-Aranha e do Doutor Estranho, o vértice recluso do triunvirato que criou a “Casa das Ideias”.
Pelo nosso lado, foi o ano da grande mudança. Abril de 2018 marcou a inauguração do nosso espaço na Av. Almirante Reis 82-A. O tal que marca a diferença, o tal como há poucos assim.
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Stan Lee morreu em 2018. Nuff said!, diria o antigo guionista, editor-chefe e presidente da Marvel. Sobre Ditko pouco se disse. Pouco se sabe. Deixou sempe a sua obra falar por si. e pouco mais. Quase nada mais.
Em 2018, dei um salto enorme, assumi o risco. Dirá o futuro se foi a decisão acertada. O presente, esse, ninguém o apaga: a loja da Almirante Reis 82-A é certamente ímpar. Um reflexo da minha visão, da minha paixão. E um espaço que é também ele um enorme obrigado colectivo a todos os que me têm acompanhado ao longo dos anos. E um santuário de boas vindas a todos os que virão depois.
2019
E terminou assim esta contagem. Esta viagem por 20 anos ricos. Por 20 anos de Kingpin Books. Em breve, noutro post, várias imagens da festa de 6 de Julho que celebrou a efeméride. Voltem sempre 😉
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