Por Mário Freitas, fundador e proprietário da Kingpin Books
1999
Os 20 anos da Kingpin Books em contagem descrescente!
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20 anos são uma vida. E que venham mais 20. E que não fique por aí, porque não conto retirar-me aos 67.
2000
A contagem descrescente continua. E as efemérides também.
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A evolução de uma marca que criamos está indelevelmente ligada à evolução da própria vida. Foi entre 1999 e 2000 e picos que conheci vários dos clientes e amigos com que ainda hoje convivo. Os saudosos mIRC e newsgroup da ComicsPT eram veículos privilegiados para múltiplas conversas e acalorados debates. Não estranha por isso que tenho sido com muita desta boa gente que fui assistir ao primeiro filme dos X-Men, que marcou claramente uma nova era de filmes de super-heróis.
2001
2001. O ano em que dois escoceses reformularam os X-Men para o novo século. E o ano em que os Estados Unidos e o mundo reflectiram na BD um dos maiores traumas recentes da civilização.
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Para além do início de uma das minha fases favoritas de sempre de qualquer personagem ou grupo, e uma fase que já li e reli umas 5 ou 6 vezes, 2001 marca igualmente outra memória indelével. Foi na zona de restauração do Atrium Saldanha, palco de tantos convívios e entregas legais de boa mercadoria para ler, que assisti ao embate dos aviões nas torres gémeas e ao posterior desmoronamento destas.
Senti o cliché a chamar por mim e percebi que o mundo nunca mais seria o mesmo. Mal saberia eu as repercussões que tal teria na própria BD, levadas ao extremo quando o próprio Doutor Victor Von Doom verteu lágrimas pela tragédia. Apenas porque não foi ele a destruir os símbolos de Nova Iorque, continuo ainda hoje a pensar…
2002
2002. O ano em que abrimos a nossa primeira loja física, no velhinho Centro Comercial São João de Deus. Quem se lembra daquele cantinho?
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Apesar das minhas reservas quanto a Toby Maguire, Sam Raimi consegue uma bela adaptação. Não terá sido aquela pela qual esperei tantos anos, mas foi digna e respeitosa. Pena a péssima decisão da máscara rígida do Goblin, que retirou a diversidade de expressões tão típica dos Osborn.
De resto, quem diria que a minha primeira loja física tinha uns espantosos 14m2? Sim, catorze.
2003
Em 2003, há uma explosão na quantidade de mangás editados em Inglês, com o mega-sucesso Naruto como porta-estandarte. A Kingpin começa a apostar em força nestas edições e o espaço começa a ser curto. Faltava um ano para a expansão seguinte.
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Foi entre finais de 2002 e meados de 2003 que conheci vários clientes que se tornaram amigos e parceiros das lides da BD: a Mafalda Azevedo, o Nuno Duarte, o Pedro Miguel Santos, o Pedro Passaporte, o Tiago Rodrigues, só para mencionar alguns e não tornar isto num livro maçudo de memórias.
Muito graças à VIZ, a invasão japonesa acentuou-se e de que maneira. E com isso, o curto espaço da primeira loja começou a escassear. Foi também o ano em que me casei com a Fátima Pereira De Freitas, que ainda hoje me atura.
2004
2004. A história da Kingpin Books continua a misturar-se com a história da indústria. É o ano em que abrimos uma 2ª loja no C.C. São João de Deus, mesmo em frente à primeira, ficando então com uns “impressionantes” 27m2 em lojas. Entretanto, começa a série de BPRD, o spin-off de Hellboy que inicia a expansão do universo criado por Mike Mignola.
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Em 2004, a primeira loja já rebentava pelas costuras. O Universo interveio e a loja em frente vagou. Foi nesta altura que o Bruno Batista começou a trabalhar comigo e lá esteve uns aninhos até receber uma proposta irrecusável da Irlanda, onde ainda hoje está, na Big Bang Comics.
2004 marca também o ano em que Mike Mignola começa a desgraçar-me com os spin-offs de Hellboy, construindo um universo que me fascinou e que me consumiu uma soma considerável de Euros
2005
2005. Foi há 14 anos que Christian Bale assumiu pela primeira vez o papel de Bruce Wayne no cinema. E foi também há 14 anos que o argumentista americano Ed Brubaker esteve em Lisboa, por ocasião do AmadoraBD, numa parceria entre a organização e a Kingpin Books. Acompanharam-no o seu colaborador frequente, o britânico Sean Phillips, e o canadiano Cameron Stewart, com quem Brubaker tinha acabado de trabalhar em Catwoman.
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Do filme, confesso, não me ocorre nada de muito relevante para dizer. Da visita dos ilustres autores estrangeiros, ficará para sempre o memorável jantar na Adega do Teixeira, um sítio peculiar que foi nessa noite palco de uma cena hilariante…
Como bom canadiano que é, o Cameron não sabia comer peixe, pelo que o chefe de mesa viu-se na obrigação de lhe pôr um babete, separar-lhe o peixinho todo e dá-lo à boca com o garfo. Tudo isto com enorme requinte e enquanto discursava para o quadro do Teixeira, e perante um Ed Brubaker à beira de uma apoplexia de tanto rir. Aposto que a Fátima Pereira De Freitas e o Bruno Batista não se esquecem disto.
2006
2006. Um ano com diversos marcos, mas dois a destacarem-se inevitavelmente. Estreou-se All Star Superman, provavelmente a mais perfeita história de super-heróis alguma vez publicada. E a Kingpin, então ainda “of Comics”, lança as suas primeiras edições, os primeiros números das séries “C.A.O.S.” e “Super Pig”.
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2006 foi um ano de contrastes. E são por vezes os períodos mais negros que servem de gatilho à evolução, à criatividade. Catarses libertadoras que dissipam as nuvens densas. All Star Superman é uma das minhas histórias favoritas. E é um feitiço todo ele feito de luz. De esperança.
Daí surgiram as primeiras edições. Algo que sempre ambicionara fazer. Escrever BD, editar BD. E foi com o Carlos Pedro, com o Fernando Dordio e com o cada vez mais hirsuto Filipe Texugo Teixeira que o motor arrancou. A distância dos anos diz-me que o motor era ainda algo tosco. Mas foi evoluindo. E muito. Porque o potencial estava todo lá.
2007
2007. Steve Rogers morreu durante uns meses, mas Pig e Franco continuaram bem vivos
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Em 2007, ainda havia media que caíam nas esparrelas das editoras e que acreditavam mesmo que os super-heróis morriam de vez. Steve Rogers faleceu, depois ficou bom, mas a Marvel, essa, contou com uma fortíssima campanha mediática à custa da encenação.
Por aqui, entretanto, outros bons comics continuavam a ser editados. Terminava a primeira série de C.A.O.S. e do impagável Inspector Franco, e Super Pig ficava a uma edição de concluir a primeira saga. Agora com oGEvan • Illustration também a bordo
2008
O ano começou com a morte de Heath Ledger, meses antes de vermos a sua prodigiosa interpretação de Joker, no 2º filme da trilogia de Nolan no Batman. Já perto do final do ano, e após uns mesitos de obras, a agora denominada Kingpin Books mudava-se para a Rua Quirino da Fonseca, para uma loja de rua que mais do que duplicava o espaço das duas lojas anteriores.
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2008 foi um ano preenchido. A reduzida dimensão das lojas e o declínio inexorável do velhinho C.C. São João de Deus exigiam uma mudança. E assim foi. Em Novembro, mudámos para a loja da Rua Quirino da Fonseca, junto à Alameda, com um espaço total de 80m2, que me permitiu ter pela primeira vez um gabinete simpático. Foi palco de workshops, festas e pequenos eventos, sobretudo enquanto houve espaço para tal. Um espaço que ficará certamente na memória de muita gente.
2009
Em 2009, a morte aparente de um herói serviu um propósito narrativo e Grant Morrison mostrou que percebia como poucos os conceitos deixados por Jack Kirby. Por cá, a KB publicou o primeiro volume do brilhante “A Fórmula da Felicidade”, do Nuno Duarte e do Osvaldo Medina, uma das mais (justamente) aclamadas BDs portuguesas da última década.
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Batman vs. Darkseid, mais do que um confronto aparentemente desequilibrado, acabou por ser um enorme guilty pleasure. Já a Fórmula da Felicidade, dos meus estimados Nuno Duarte e Osvaldo Medina, é todo ele um jogo de equilíbrios, um livro com uma rara simbiose entre a história e a arte.
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